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Crianças com déficit de atenção e hiperatividade: o que fazer?

A criança não pára um minuto! Não importa o que você faz, o pequeno ou pequena fica sempre inquieto e mais ou menos insatisfeito. A irritabilidade é uma constante e os níveis de ansiedade vão lá em cima.

Por mais que essa situação pareça desesperadora, é preciso refletir sobre o que é o déficit de atenção e a hiperatividade. É necessário pensar se é realmente indicado medicar as crianças em todos os casos.

Criar filhos hoje em dia é uma tarefa complexa, pois vivemos tempos de mudanças. A maneira como vivemos foi muito impactada pela tenologia e a vida das crianças também.

Dentro deste contexto de novas realidades, lidar com frustraçãotrabalhar a ansiedade é urgente. Tanto para os pequenos quanto para os pais.


Neste artigo, vamos conversar um pouco sobre o que é o déficit de atenção e a hiperatividade. Será que meu filho tem TDAH? Será que meu filho é hiperativo? O que é, afinal, uma criança saudável?

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O que é déficit de atenção e o que é hiperatividade?

Quase todo mundo já ouviu falar sobre o Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH) e a Hiperatividade. O problema é que temos uma visão pouco precisa do que são esses problemas. Diferente de um resfriado, que estamos acostumadas a identificar logo de cara, os problemas psicológicos devem ser diagnosticados apenas por profissionais especialistas. O máximo que podemos fazer é entender o que está acontecendo para buscar ajuda de maneira adequada no momento certo.


Segundo o manual de estatística e diagnóstico de transtornos mentais (DSM), produzido pela Associação Americana de Psiquiatria, os sintomas desse tipo de problema são:

9 sintomas de desatenção:

Tais sintomas devem ser constantes por pelo menos 6 meses:

  1. Deixar de prestar atenção a detalhes e cometer erros por descuido em atividades escolares e em casa;
  2. Dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas (brincadeiras, filmes, etc);
  3. Com frequência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra;
  4. Tende a não seguir instruções e não terminar suas tarefas domésticas ou escolares;
  5. Possui dificuldade de organizar tarefas;
  6. Reluta em prestar atenção e realizar tarefas que exigem esforço mental constante;
  7. Perde com frequência ferramentas necessárias para a realização de tarefas;
  8. Distrai-se com facilidade;
  9. Costuma esquecer-se com frequência.

9 sintomas de hiperatividade:

Tais sintomas devem ser constantes por pelo menos 6 meses:

  1. Agita as mãos ou os pés frequentemente;
  2. Não consegue ficar sentado em sala de aula ou em outras ocasiões;
  3. Corre e escala em muitas situações em que não e adequado;
  4. Tem dificuldade de brincar ou se entreter silenciosamente em atividades de lazer;
  5. Age como se estivesse “a mil” ou “a todo o vapor” (o famoso “ligado no 220”);
  6. Fala muito, o tempo todo;
  7. Responde às perguntas antes que tenham sido completadas;
  8. Possui dificuldade de aguardar a sua vez numa fila ou situações de espera;
  9. Interrompe conversas ou se interfere em assuntos de outras pessoas.

Como saber se meu filho tem TDAH ou hiperatividade?

Se você tem filhos ou já conviveu com crianças, esses sintomas parecem muito comuns, não é? Na realidade, parece mais difícil encontrar uma criança que não haja dessa forma. Você pode até se questionar: mas se essas são características de um transtorno, como é uma criança “normal”?

Muitos profissionais têm questionado o diagnóstico de TDAH e hiperatividade em crianças. Mais ainda: há um apelo para repensar a medicação. Será mesmo necessário dar fármacos para os pequenos?

Antigamente, nossos pais tinham outros auxílios para a criação dos filhos, que geralmente envolvia o uso da violência. A cinta era o ajudante na criação dos filhos. Hoje, com a proliferação do respeito e da maior liberdade para as crianças se desenvolverem, questionarem e se identificarem, a agressão não serve mais.

Mas será que substituir a cinta pelo medicamento é a melhor decisão?

Para as especialistas Lulli Milman e Julia Milman, autoras do livro A vida com crianças:

Viver com crianças é estar um pouco fora de ordem. Elas têm energia, necessidade de movimentar o corpo, conhecem e constroem o mundo através de seus movimentos. Então, é sempre bom pensar se, de fato, existe algo tão preocupante no que temos chamado de “intranquilidade” nas crianças. O outro aspecto é que, paradoxalmente, a tranquilidade que gostaríamos de ver nas crianças não é fácil de achar no mundo que oferecemos a elas. Desde muito pequenos, já são expostos às telas, às brincadeiras de luta e correria, às músicas ensurdecedoras. Conhece lugar mais barulhento que casa de festa infantil? A verdade é que não vale agitar, agitar, agitar e depois exigir tranquilidade. O sistema de funcionamento de uma criança não é liga-desliga.

Então, o que propomos é tentar outras alternativas antes de partir para a medicação. Podem ser mudanças na rotina, visitas a um psicólogo para uma terapia infantil ou apenas outra forma de ver as coisas que realmente transformam a relação com os filhos e, consequentemente, o comportamento deles.

Para ajudar você a pensar no que mudar e o que repensar, separamos algumas dicas simples:

1. Menos culpa e mais responsabilidade:

O sentimento de culpa é a coisa mais inútil que existe. Corrói a autoestima e a capacidade de ver oportunidades de mudanças. Passamos a nos ver com pena e nos sentir vítimas das situações.

Ter uma postura de responsabilidade exige coragem e disposição. Onde posso mudar? O que podemos fazer diante desses problemas? Até que ponto o meu comportamento influencia a conduta do meu filho?

Responsabilizar-se pela criação dos filhos quando algo não está bem é assumir sua influência na personalidade e educação do pequeno. Dói muito olhar para isso, é verdade… Só que dói mais persistir no sofrimento, certo?

2. De onde vem os comportamentos ruins?

Essa reflexão é uma das mais transformadoras. Investigar o que está causando o comportamento indesejável no seu filho pode ser uma jornada fantástica pelas suas próprias manias, até então invisíveis aos seus olhos.

Será que você passa pouco tempo com ele? Será que passa tempo demais? Será que você realmente está presente quando está com ele ou fica o tempo todo checando as redes sociais? Será que ele grita com você porque você só fala gritando com ele?

Muitas vezes, mudanças simples são as que causam as maiores transformações. E às vezes temos que abrir mão de algumas coisas, afinal, já que somos as adultas da situação, temos que agir com maturidade.

3. Procurar um psicólogo

Se você acha que quem vai no psicólogo é só gente doida, está bem errada. Ou tem muito mais gente maluca no mundo do que você suspeita. Ou então fazer terapia na verdade é coisa de gente que possui a humildade de buscar ajuda quando precisa.

Um profissional competente vai ajudar você a ver as coisas de outro ângulo. Vai te tirar da zona de conforto, vai conseguir conversar com seu filho como você geralmente não consegue fazer e ainda nem vai precisar medicá-lo para isso.

Busque referências de profissionais conhecidos por amigos e familiares e observe bem a postura dele na consulta. Não gostou? Tudo bem, procure outro. Uma hora você encontra alguém bem legal para ajudar sua família.

4. Tente terapias naturais e caseiras

Já pensou em inserir um chá calmante na rotina do pequeno? Melhor do que dar um remédio. Às vezes um suco de maracujá já ajuda.

Existem algumas terapias que você pode fazer em casa e que surtem muito efeito: aromaterapia, shantala, meditação (acredite!), hidroterapia e afetoterapia. Ok, este último não existe, mas bem que poderia…

Outra dica essencial é diminuir a quantidade de açúcar dos alimentos. Dê preferência a frutas e legumes, sempre frescos. Observe os rótulos dos produtos industrializados e evite os que possuem muito açúcar (saiba mais aqui).

Veja algumas opções de como inserir tratamentos caseiros no dia-a-dia da criança:

Sobre o autor

Mariana Mendes