Maternidade

Como educar os filhos: 7 dicas imprescindíveis para impôr limites

Como educar os filhos

Vivemos tempos de muitas mudanças. E as transformações do mundo tornam mais desafiadora a tarefa de como educar os filhos. Antigamente, impôr limites era algo mais simples: bastava usar a autoridade. Hoje em dia a coisa não é mais bem assim. Vivemos uma democratização da relação com os filhos, que como tudo na vida, possui prós e contras.

Estabelecer as regras da casa para as crianças é uma das bases da educação familiar. Mas como definir o que pode e o que não pode? Como educar as crianças de maneira eficaz sem criar pequenos reis e rainhas, que mandam na casa? Como manter o respeito e a autoridade de adulto sem usar a violência?

Estas são questões muito importantes para os pais e este tipo de reflexão deve fazer parte do nosso dia-a-dia. Nesse mundo que tanto muda, nossos conceitos sobre educação dos filhos podem ser repensados constantemente.

E para ajudar você a refletir sobre a criação dos seus filhos para impor limites de maneira adequada, fizemos este artigo juntando as orientações de profissionais da área.


Qual a melhor maneira de educar os filhos hoje em dia?

As mudanças do mundo estão impactando a cultura e a maneira de criar os filhos. Preparar os pequenos para o mundo nunca foi tão complexo. Diante disso, o jeito é tentar entender o que está acontecendo.

Segundo Luiz Alberto Hanns, doutor em psicologia clínica, nós estamos passando por cinco mudanças principais na educação dos pequerruchos:

  1. Dos direitos e deveres à busca pela felicidade: antes a referência de conduta das pessoas era embasada no equilíbrio entre as obrigações e os benefícios, enquanto que hoje em dia o mantra coletivo é a busca pela felicidade. E como essa felicidade é busca? Geralmente por meio do consumo e do sucesso profissional;
  2. Da obediência absoluta para saber escolher com sabedoria: “Criança não tem que querer!”. Você  ouviu isso quando era pequena? Pois é, hoje em dia a coisa está mudando. É mais importante saber escolher com responsabilidade do que simplesmente seguir as ordens, certo?
  3. Da modéstia para a autoestima: não aceitar elogios, nunca reconhecer o próprio valor e duvidar da própria capacidade foram algumas consequências negativas da era da modéstia, que vivemos anteriormente. Mas hoje em dia estamos todos trabalhando a autoestima, para nos valorizarmos e não sermos enganados com tanta facilidade.
  4. Da influência dos adultos à identidade de grupo: a influência absoluta dos adultos sobre as crianças foi abalada. Agora eles se identificam com seus grupos por meio de interesses em comum. E aí o conflito de gerações ganha terreno.
  5. Do ócio aos estímulos: não fazer nada era a coisa mais comum na infância. E desse não fazer nada surgiam as brincadeiras e o uso da imaginação. Na era das telas por todo lado, a regra é outra. As crianças são estimuladas o tempo todo a receber informação. Pena que o principal estímulo para ser criança, que era o ócio, não tem mais lugar.

Diante dessas principais mudanças e outras que ainda nem nos demos conta, há alguns valores importantes que estão se perdendo.


O desejo por felicidade acaba se transformando na busca por prazeres imediatos. A disciplina é prejudicada pelos inúmeros estímulos, que nos fazem perder a noção do tempo. A ideia de esforço e do trabalho duro que é preciso para alcançar os objetivos vira algo impreciso e corremos o risco de achar que tudo é bem mais fácil do que realmente é.

O autocontrole fica em segundo plano, porque a autoestima é mais importante. E diante da lógica da busca da felicidade a qualquer custo, a reflexão sobre o que é certo e o que não é acaba sendo norteada apenas pelo nosso umbigo, gerando um problema grande de egoísmo e falta de empatia.

Quem disse que criar filhos seria fácil, não é?

Apesar dessa leitura um pouco pessimista, Hans nos diz que uma educação dos filhos que seja eficiente nos dias de hoje deve encontrar uma maneira de minimizar as consequências negativas dessas mudanças avassaladoras que estão passando pelos nossos costumes. Uma criação que busque o equilíbrio é a melhor.

Como educar os filhos e colocar limites

Apesar de saber que estamos diante de um desafio e tanto, precisamos nos conscientizar do nosso papel de manter o equilíbrio entre aqueles cinco fatores. Uma ajeitada aqui, uma mudança de atitude ali e seguimos melhorando. Faz parte do processo saber que vivemos épocas de muita instabilidade, mas que está tudo bem, vamos lidar com isso.

E para lidar com a educação dos filhos impondo limites de maneira gentil, sem excessos nocivos, temos algumas dicas. Confira:

1. Brigar não é um método

Brigar é consequência. É normal acontecerem desentendimentos na família. O problema é quando a briga vira uma maneira de lidar com os filhos. É realmente necessário gritar todas as vezes? É imprescindível falar com eles num tom intimidador e pouco amigável?

Brigar sempre gera estresse e muito sofrimento. Se a briga vira rotina, a confiança da criança em você começa a ser abalada. A linha que separa a briga rotineira dos maus tratos e da intolerância é muito tênue.

Que tal mudar a maneira de ver as coisas? Segundo a Tania Zagury:

Dar limite é dizer “sim” sempre que possível e não quando necessário.

Então, antes de partir para o conflito, pense se é realmente necessário fazer um escarcéu. Será que você não está descontando um pouco do estresse do dia-a-dia nos pequenos?

2. É preciso ter uma abordagem única

Se cada adulto que lida com as crianças tem uma maneira de educar, mais cedo ou mais tarde, dará confusão.

Que tal conversar e tentar chegar num acordo? Decidam quais atitudes tomar nas situações mais comuns. Quando vocês agirem da mesma forma, a criança terá mais facilidade para criar referências do que pode e o que não pode.

No caso dos parentes que não moram com vocês, é bom avisar sobre as regras mais importantes. No entanto, não vale a pena criar desentendimentos por conta disso. O jeito é conversar e dizer que não importa como é na casa de tal pessoa. As regras continuam as mesmas quando voltam para a casa.

3. Os adultos são a referência

O comportamento dos pais influencia o das crianças sempre. Os pequenos aprendem pelo exemplo. Então, antes de sair criticando, observe se você não faz isso o tempo todo. Com as crianças não funciona o velho “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.  Aceita que dói menos.

Nem sempre a criança repete as mesmas coisas que o adulto faz. Por vezes a resposta delas é fazer o contrário. Por isso, se você for submisso, há grandes chances dos pequenos se tornarem ditadores. Mas não significa que a resposta é agir com violência e colocar medo nos filhos.

Pois é, a saída mais sensata continua sendo manter o equilíbrio. Mais do que nunca a coerência deve guiar nossas atitudes. Dá uma olhada neste artigo:

4. Crie as regras da casa

As regras da casa devem ser muito bem definidas. Liste o que não pode em hipótese alguma e o que depende das circunstâncias. Sempre explique isso para a criança e seja bem sucinta. Explicações demais não geram uma boa recepção.

Se o pequeno ainda não sabe ler, use imagens para ilustrar as regras, caso opte por fixá-las na parede. Caso não veja necessidade para tanto, é bom ter uma lista para os adultos consultarem. Fixe-a num local de fácil acesso, como a geladeira, por exemplo. Isso vai ajudar a manter a unidade de ação entre os cuidadores.

Saber o que a criança consegue fazer em cada fase do seu desenvolvimento evita injustiças. Assim, você não cobra do pequeno algo que ele ainda não têm condições de fazer. Neste artigo, no item #3, você confere quais responsabilidade podem ser delegadas às crianças em cada idade:

5. Dê alternativas

Não basta dizer não. Quando a criança é pequena, até os 5 anos de idade, é preciso mostrar alternativas. Nessa fase, eles ainda não têm autonomia para encontrar outra coisa para fazer. Quer um exemplo?

Digamos que seu filho esteja pulando sobre a cama e você não quer que ele faça isso porque é perigoso. O primeiro passo é tirá-lo de cima da cama, abaixar até a sua altura e dizer que não pode pular porque ele pode se machucar. Em seguida, apresente outra possibilidade de brincadeira para o pequeno.

Se você apenas proibi-lo de brincar na cama, ele não saberá mais o que fazer e voltará ao que é proibido, entende?

6. Controle a raiva

Onde não há alegria, não há sabedoria. Por isso, não deixe que a raiva guie as suas ações. Espere para fazer algo quando estiver mais calma. E sempre que puder, passe esses princípios de autocontrole para seus filhos.

Para fazer isto, basta nomear o sentimento e separá-lo da ação: “Filho, estou vendo que você está triste. É por isso que você está gritando?”. Aos poucos vá ensinando métodos para acalmar os ânimos. Pode ser cantar uma música, respirar fundo, contar até dez… Muitas vezes uma simples quebra de padrão já ajuda a criança a sair daquele círculo vicioso de frustração-raiva-choro.

Aqui em casa, quando meu filho de 1 ano chora por algum motivo, o levamos no colo até o banheiro e abrimos a torneira. Como ele gosta muito de água, acaba se distraindo querendo molhar a mãozinha. Você pode criar seu próprio método com seu filho.

7. Seja firme

Quando disser algo ao seu filho, não se justifique. Apenas deixe claro o porque daquela orientação, sem grandes explicações. Seja firme sem faltar com o respeito.

Quando se tratar de uma regra inflexível, vá até o fim com a negativa, mesmo que o pequeno tente negociar. Se for o caso de uma regra flexível, explique as condições para ele. Por exemplo: “Você só vai brincar com o giz de cera se não riscar a parede”. Ao primeiro sinal de desobediência das condições combinadas, a proibição volta e você explica o motivo. Em seguida, dê outra opção de brincadeira.

Não se deixe abalar pelo que a criança disser. É normal que ela pense coisas ruins sobre você quando é contrariada. Mas isso não abalará a relação de vocês, acredite.

Você é o adulto da situação, então, mantenha a maturidade e construa sua reputação como líder do pequeno.

E aí, o que achou das dicas? Vamos combinar uma coisa: coloque em prática e depois conta pra gente aqui nos cometários como tem sido a sua experiência, ok?

Até mais!

Sobre o autor

Mariana Mendes