A menstruação cessa, a barriga e os seios crescem; há produção de leite, sonolência e enjoos. Ou seja, a mulher tem tudo para estar grávida, mas é alarme falso. É uma gravidez psicológica e hoje vamos ver como e por que isso acontece.
Seu nome oficial é pseudociese, mas popularmente todos a conhecem como falsa gravidez ou gravidez psicológica. É uma síndrome na qual a mulher acredita sinceramente que está esperando um bebê.
Não se trata de uma farsa ou fingimento. Quem finge gravidez de forma intencional não faz parte deste quadro.
Embora a gestação inexistente possa causar mudanças hormonais, os níveis de Beta HCG, que servem para detectar uma gravidez real, não são alterados. Por isso, o exame de sangue, assim como o ultrassom, é usado para confirmar se há ou não um feto.
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O distúrbio é raro, ocorrendo geralmente na proporção de 1 caso para cada 10 mil gestações verdadeiras. É mais comum em mulheres com grande vontade de gerar um filho, especialmente depois de várias tentativas frustradas.
As mudanças corporais são tão semelhantes às de uma barriga real que algumas mulheres sentem o bebê mexer na barriga, e têm inclusive os mesmos nove meses de gravidez normal. Os sintomas chegam a confundir até os profissionais de saúde.
Existem aquelas, ainda, que chegam ao pronto-socorro em ‘trabalho de parto’, sentindo dores terríveis, como se estivessem parindo. Depois, os sintomas passam, elas melhoram e não entendem o que aconteceu. Apenas acreditam que tiveram um aborto ou que Deus levou a criança.
Qualquer mulher pode sofrer desta condição, não importando a raça, local de origem, nível social, profissão ou grau de escolaridade.
A pseudociese é mais comum entre as casadas de 20 a 40 anos de idade. Porém, existem relatos de falsa gravidez em mulheres mais velhas depois da menopausa e em crianças.
Por que a gravidez emocional acontece – e como tratá-la
Alguns gatilhos para a gestação falsa são:
- Abuso sexual na infância;
- Acreditar que o marido vai embora caso não consiga gerar um filho;
- Baixa autoestima;
- Depressão;
- Estar vivendo grande estresse emocional;
- Conflito entre proximidade da menopausa e desejo de ainda querer ser mãe;
- Infertilidade em quem quer muito engravidar;
- Intensa pressão familiar por uma criança;
- Medo de engravidar;
- Abortos espontâneos em quem ainda não tem filho e quer tê-lo;
- Solidão;
- Ter uma personalidade que não sabe lidar com críticas ou acontecimentos indesejáveis.
Estímulos do sistema neuroendócrino causados por fatores psicológicos estão por trás da gravidez psicológica.
Situações de ansiedade intensa, estresse, pressão da família ou sociedade por um filho parecem atuar sobre o eixo hipotálamo-hipófise-ovário, promovendo a desordem na produção hormonal e o surgimento de sintomas de gravidez.
Mas a depressão também é capaz de participar deste mecanismo. E de uma maneira tão profunda que, mesmo após a gestação falsa ser confirmada por diversos exames e a menstruação descer, a pessoa continua convicta que está à espera de um bebê.
E mais: a gestação irreal pode preceder alguma outra doença psiquiátrica, como a psicose.
O tratamento da gravidez psicológica é feito com remédios para induzir a menstruação, psicoterapia e, quando preciso, antidepressivos.
A pseudociese não é algo recente. Esta síndrome existe há vários séculos e sua incidência foi maior quando o papel da mulher na sociedade era bem diferente do contexto atual.
Lembrando que a função de mãe, durante muito tempo, foi considerada a única. Se não fosse capaz de gerar uma família, ela era rotulada de inútil.
Atualmente, com novos anseios e outras responsabilidades, o sexo feminino não sofre tanta pressão pela maternidade. Fora isso, a tecnologia moderna também dá uma força às que encontram dificuldades para engravidar, reduzindo o número de inférteis.
Que bom que as coisas mudam e possibilidades diferentes aparecem, não é mesmo? E para você que está tentando engravidar, boa sorte!
Até o próximo post!