Sexo

Lactofilia: saiba mais sobre esse fetiche

O mundo dos fetiches e das fantasias eróticas é, sem a menor sombra de dúvida, fascinante. Assim como o são os próprios seres humanos e os recursos e as soluções que encontramos para expressar sexualmente nossos amores e desejos. É nesse contexto que se insere o fetiche da lactofilia, também conhecido como lactação erótica.

A lactofilia é uma das práticas que, em múltiplas ocasiões (e essa é uma extraordinária riqueza humana), se encontram nos limites das normas de conduta socialmente reprovadas, às quais resumimos sob o conceito de “tabu”.

Em primeiro lugar, é forçoso reconhecer que é da própria natureza humana a capacidade de questionar e, por vezes, demonstrar o quão limitantes, controladoras e obsoletas podem ser as normas que pretendem estabelecer o que é ou não lícito fazer.

A lactofilia é uma dessas práticas consideradas fora dos padrões socialmente aceitos. Trata-se do ato de, com toda a poderosa ingenuidade possível, amamentar o seu parceiro com fins hedonistas e não alimentares.

Lactofilia: do angelical ao erótico

Ser capaz de levar o ato da amamentação, sempre revestido de um aspecto sagrado e comumente representado de maneira angelical, para o âmbito das relações sexuais entre adultos, é algo digno de respeito e, até mesmo, incentivo, por toda a ironia que o envolve.

Segundo a definição do diplomata e filósofo francês Henri Bergson, irônico é tudo aquilo que, tendo o sentido de sublime, de repente se depara com o mundanismo cotidiano.

O poder de alimentar com os seus próprios seios um ser que nasceu de suas entranhas é um fato comum a todos os animais mamíferos. Logo, para nós, seres humanos, deixa de ter um sentido que atinge qualquer espécie de transcendentalidade.

Todavia, ao mesmo tempo, enquanto mulher, a mãe possui um corpo altamente reativo e, consequentemente, executa essa função “divina” com uma de suas zonas erógenas primárias.

Isso significa que, desde um ponto de vista psicológico, a mãe – esse ser visto por todos como sendo quase imaculado – pode, em certas ocasiões, sentir prazer erótico ao amamentar o seu bebe e, até mesmo, ficar profundamente excitada.

Infelizmente, a moral estabelecida em nosso meio social faz com que isso gere confusão e sentimento de culpa em muitas mulheres que, desse modo, dissociam o amor e o afeto em categorias mais do que discutíveis.

Muita frustração e sentimentos negativos poderiam ser eliminados com uma compreensão mais rica dos elementos que compõem a experiência humana. Pelo menos, poderíamos evitar o sofrimento de mulheres que reputam inconcebível que o nobre ato de criar seus filhos possa interferir em sua satisfação sexual.

Na realidade, ambos os aspectos podem estar perfeitamente imbricados e ser um o reforço do outro.

Afinal, é natural que a mulher e seu parceiro, ao perceberem que o ato de amamentar pode provocar prazer e reforçar o vínculo entre a lactante e seu bebê, reflitam: “por que não o aproveitar para nossas próprias finalidades eróticas?” A conclusão que se segue é bastante razoável, para dizer o mínimo.

A lactofilia nas obras de arte

A lactofilia foi, até há pouco tempo, classificada pela medicina ocidental como uma parafilia, ou seja, uma perversão dentro da lista de comportamentos genericamente associados a indicadores de transtornos psiquiátricos. Sem embargo, desde tempos imemoriais, a lactofilia tem sido uma prática erótica amplamente difundida.

Muitas pinturas de grandes mestres do passado que chegaram aos nossos dias, incluindo duas obras do grande mestre Peter Paul Rubens, artista flamengo do século XVII, que, sob o pretexto de motivos piedosos e caritativos (alimentar os famintos ou os prisioneiros), representam uma jovem amamentando um homem adulto.

Como não poderia deixar de ser, a indústria pornográfica, sempre insaciável por novidades, fez da lactofilia um nicho de mercado. Basta conferir naquelas plataformas de vídeos (que todos conhecemos, mas nunca usamos) a categoria “adult breastfeeding” ou “adult nursing”.

No Japão, por exemplo, é possível encontrar locais, como o distrito de Kabukicho em Tóquio, em que o leite materno é servido em copos após ser diretamente extraído dos seios de lactantes.

A lactofilia é saudável?

Contudo, além dos aspectos eróticos desse fetiche, a lactofilia ocorre em manifestações de muito mais amplas dimensões do que o evidente objetivo de obter prazer com a amamentação e pode se inserir como complemento de outras fantasias eróticas, tais como o BDSM (acrônimo para Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo).

Para a mulher, a nível hormonal e fisiológico, é conveniente saber que se trata de uma prática absolutamente saudável, ainda que não seja aconselhável forçar a produção de leite materno (lactação induzida) por meio da ingestão de fármacos, nos casos em que o fetiche permanece após a gravidez e/ou fora dos períodos naturais de lactação.

Em relação à resposta sexual feminina, os especialistas afirmam que a excitação facilita o fluxo de leite materno e, também, sua ejeção (por vezes, involuntária) durante as fases de planalto ou orgasmo.

O que os casais pensam a respeito da lactofilia?

Esse fetiche pode ser, efetivamente, uma fonte de intenso prazer tanto para os homens quanto para as mulheres. Assim como se dá com o sexo oral, a lactofilia estimula a libido e as sensações corporais, promovendo um maior nível de intimidade e dando rédeas soltas ao desejo e à paixão.

O caso de Jennifer Mulford ficou bastante conhecido: uma estadunidense de 36 anos que revelou amamentar seu namorado, afirmando que a prática contribui para unir o casal e criar um “vínculo mágico” entre eles

Além da intimidade e do prazer que a lactofilia pode proporcionar, diferentes associações médicas, como a Academy of Breastfeeding Medicine, sustentam que o leite materno é um suplemento nutricional que aprimora o desempenho físico dos adultos. Todavia, mais estudos e pesquisas são necessários nesse sentido.

Em suma, é preciso compreender a lactofilia como outra opção no rol das infinitas possibilidades de estimulação erótica e prazer sexual. Cada casal deve avaliar se está interessado em conhecer e experimentar essa prática.

No entanto, cumpre reforçar que não é conveniente tentar provocar a produção de leite, a não ser de forma natural e com o advento de um bebê, sob pena de causar desarranjos no organismo da mulher.

Sobre o autor

Giovanna Cóppola

Trabalha com web, design, criação, conteúdo, SEO e fotografia. Em 2011 criou a Pandartt e hoje assume a direção da agência, além de colocar a mão na massa em todos os projetos. Paralelamente, tem outros três projetos: Viva com Felicidade, BlogGeek e Mapa dos Bichos. Ama música, cinema, jogos, arte, tecnologia, tatuagens e pandas.