Um pai ausente com certeza afeta a vida do filho. E não apenas do filho. Toda a família acaba sofrendo as consequências da negligência. Para as mães que não estão mais no relacionamento e vivenciam o abandono dos filhos pelo ex-marido, o sentimento de culpa e o aumento das responsabilidades podem criar uma série de dúvidas:
Será que meu filho terá alguma dificuldade na vida por causa da falta da figura paterna? A falta de uma figura paterna pode influenciar negativamente seu desenvolvimento?
Estas perguntas não são nada fáceis de responder. Tanto é que existem vários profissionais da psicologia e outras áreas da ciência que se dedicaram a estudar este problema.
Os resultados não são unânimes. Alguns acreditam que a ausência da figura do pai impacta negativamente a vida dos filhos. Outros asseguram que, embora a situação de abandono seja fonte de uma grande insatisfação, é possível administrar o problema para diminuir seus resultados.
Neste artigo, saiba mais sobre o abandono paterno, suas causas e como lidar com as consequências desse problema na vida dos filhos.
Ser pai hoje já não é mais como antigamente
Antigamente, a figura do pai estava muito mais ligada à autoridade e à providência financeira da família. Às mulheres cabia apenas a função doméstica e o cuidado com os filhos. O pai representava a lei, os limites e a disciplina. Era a pessoa que “colocava ordem” na casa e mantinha as crianças cientes de seus limites.
Naquela época a criação dos filhos era bem diferente do que é hoje. Os pequenos não eram tão respeitados como seres humanos e, muitas vezes, sofriam com excessos de violência física e psicológica.
Com o tempo, as mulheres entraram no mercado de trabalho. Quando o sustento da família começou a vir tanto da mãe quanto do pai, a hierarquia familiar foi questionada. Não fazia mais sentido que o pai não ajudasse em nada nas tarefas da casa e sua posição de poder concorreu com a mulher que trabalha e também garante a manutenção financeira.
A figura do pai ficou deslocada, porque novos costumes estavam se formando: agora, todos deveriam contribuir igualmente e ter poder igual, certo?
Com a popularização dos divórcios, as famílias sofreram mais mudanças em sua estrutura. Os pais poderiam viver em casas separadas. Os novos relacionamentos da mãe e do pai rendiam uma novas figuras familiares: o padrasto e a madrasta.
E em meio a tantas mudanças, algumas coisas permaneceram iguais: a mãe continuou responsável pelo cuidado dos filhos na maioria dos casos, mesmo que também trabalhe. No imaginário das pessoas essa ideia gera atitudes: uma grande quantidade de homens, após o fim do relacionamento, simplesmente abandonam as responsabilidades da paternidade, delegando todas as funções essenciais à criação dos filhos para a mãe.
Pais ausentes
Existem os que abandonam os filhos após o fim do relacionamento, os que mantém um contato mínimo com as crias, passando de vez em quando para levá-los a um passeio e ainda há os que mesmo morando na mesma casa, criam uma barreira afetiva e de relação com os filhotes.
Esse fenômeno não é individual, porque é tão comum, que se tornou uma questão social. Para mudar isso é preciso muito esforço de todas as pessoas da sociedade.
Mas, quando falamos de um caso específico, é preciso ter uma postura diferente em cada situação. E todas envolvem o diálogo. Por mais complicado que isso possa parecer, ainda é possível tentar despertar a compaixão e o sentimento de responsabilidade do pai.
Quando o diálogo falha, o jeito é trabalhar essa ausência com a criança e fortalecer o vínculo dela com outras referências de adultos que possam servir de exemplo para sua conduta. Aí entra a rede de apoio em torno da mãe e seus filhos: os avós, padrasto, tios, amigos e outros familiares dispostos a ajudar.
Em seu livro A Vida com Crianças, de Lulli Milman e Julia Milman falam sobre o assunto:
Ainda que seja muito desagradável ouvir alguém dizer coisas terríveis do pai ou da mãe da gente, tentar disfarçar o abandono também não faz bem às crianças. É muito difícil, de fato, ver os filhos sofrendo por essa falta. Às vezes, só uma falta de consideração; outras, a falta de uma presença efetiva. E, como sempre, o que temos a fazer é ajudar as crianças a lidar com as situações que surgem em suas vidas, encarando a realidade da melhor forma possível. Aprender a lidar com o pai e a mãe que nos coube nessa vida é um aprendizado que pode se iniciar desde muito cedo.
Pai ausente: quais são as consequências?
Atualmente a função paterna na família têm mudado. Cada vez mais uma nova forma de ser pai vêm tomando forma. Agora, a responsabilidade sobre a disciplina, a imposição de limites, o apoio com as dificuldades, a brincadeira e o diálogo são atribuições que não têm mais um rótulo específico como coisa de pai e coisa de mãe.
E como a criança aprende pelo exemplo, qualquer adulto que conviva com ela será um modelo. Se a figura paterna significa dizer não quando é necessário e ensinar os pequenos a lidar com frustração, todas as pessoa que estão próximas podem cumprir este papel. A referência paterna pode vir da mãe (quando assume essa posição), dos avós, dos tios e de qualquer outro adulto que cuide da criança.
Dessa maneira, é possível minimizar as consequências da ausência paterna.
Como lidar com a ausência paterna?
Se você está lidando com as consequências da ausência do pai para seus filhos, podemos dar algumas dicas importantes para passar por isso da melhor forma possível:
- Crie uma rede de apoio: podem ser seus pais, seus irmãos, seus amigos e seu companheiro atual (que deve lidar com as responsabilidades também). Essas pessoas servirão de suporte para você nos momentos mais difíceis quando precisar conversar sobre algum assunto delicado e principalmente no dia-a-dia, para acolher, dar carinho, educar e servir de exemplo.
- Não se sinta culpada: a responsabilidade em relação aos filhos que cabe ao pai é a mesma, não importa como tenha terminado o relacionamento ou como se deu a união entre vocês. Você não tem culpa, relaxa.
- Não fale mal do pai para a criança: o pai é uma referência para o caráter e a moral da criança. Falar mal, apontar os erros e contar todos os podres não vai ajudar. A criança precisa saber apenas do necessário para que não fique sem nenhuma explicação sobre os acontecimentos, mas não é bom que ela ouça um discurso tendencioso e cheio de ódio direcionado ao próprio pai.
- Não questione o pai em frente à criança: quando for conversar com o pai sobre suas responsabilidades, procure fazer isso em particular. Qualquer briga e desentendimento será confuso para os filhos presenciarem. E ainda pode acontecer deles se envolverem na discussão, causando mais transtornos.
- Não abra mão de seus direitos: mesmo que ele escolha não estar presente na vida dos filhos com afeto e cuidado, precisa arcar com as responsabilidades financeiras. A pensão é um direito dos filhos garantido por lei e que assegura que você não arque com todas as despesas deles, certo?
- Ajude a criança a não criar expectativas: se o pai costuma não cumprir com o que promete, procure não incentivá-lo a criar grandes expectativas. Tente distraí-lo dessa espera, principalmente se as chances de desapontamento são grandes. E quando a frustração acontecer, ajude-o a lidar com estes sentimentos.
Assumir a criação dos filhos sozinha não é nada fácil. São muitas responsabilidades e as tarefas se acumulam de maneira vertiginosa, levando as energias embora e aumentando o estresse. A única recompensa é o bem estar e a felicidade dos filhos. Para você que assumiu essa grande responsabilidade, nós deixamos uma mensagem especial:
Como tem sido para você lidar com a ausência paterna? Conhece alguém que se interessaria por este artigo? Compartilhe nas redes sociais!
Até mais e boa sorte!