Já há alguns anos, o parto humanizado tem sido assunto recorrente entre as gestantes, devido a inúmeros relatos de mulheres que tiveram experiências frias e desumanas em seus partos convencionais, que tornavam o momento da chegada de uma vida – que deveria ser especial – em um algo seco e distante.
Toda essa “frieza” do parto convencional se dá principalmente devido aos procedimentos e intervenções médicas e cirúrgicas, como a raspagem sistemática dos pelos pubianos, uso da sonda vesical para esvaziar a bexiga, jejum completo de pelo menos seis horas, lavagem intestinal pré-parto, administração de recursos medicamentosos (analgésicos, anestésicos, sedativos), entre outros. E na maioria das vezes, essas intervenções ocorrem tanto no parto natural como na cesariana.
No entanto, quando falamos sobre parto humanizado, muitas são as dúvidas e polêmicas acerca do termo. Todo parto natural é humanizado? O parto humanizado tem que ser domiciliar? Existem riscos para a gestante e para o bebê? Esclareça todas as suas dúvidas aqui!
O que significa um parto humanizado?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “Humanizar o parto é um conjunto de condutas e procedimentos que promovem o parto e o nascimento saudáveis, pois respeita o processo natural e evita condutas desnecessárias ou de risco para a mãe e o bebê“.
A metodologia médica do parto convencional, realizado nas maternidades, começou a ser questionado na década de 70, com a divulgação dos princípios preconizados por Frederick Leboyer, médico francês da Clínica Obstétrica de Faculdade de Medicina da Universidade de Paris, na sua obra Por um Nascimento Sem Violência que passou a questionar o excesso de intervenção médica no nascimento, momento existencial que deveria ser natural.
A partir daí, lançou-se um novo olhar para a mulher, a gestação, o momento do parto e o bebê, nascendo o conceito de parto humanizado.
Parto natural x cesariana x parto humanizado
Atualmente, existe muita polêmica sobre o que é considerado um parto humanizado, mas a maioria aceita que é aquele em que as decisões da mulher são levadas em conta, muito mais do que em um parto convencional.
Isso significa deixar a natureza fazer o seu trabalho, realizando o mínimo de intervenções médicas e apenas com a autorização da gestante – claro, priorizando a segurança e saúde dela e do bebê.
Por essa ótica, é possível afirmar que nem sempre um parto natural é humanizado, visto que na maioria das vezes são adotados procedimentos como lavagem intestinal, aplicação de analgésicos, uso de sonda para esvaziar a bexiga, entre outros procedimentos médicos.
Da mesma forma, se em uma gravidez de risco não houver outra opção além do parto cesárea, mas forem realizadas algumas mudanças no procedimento a fim de tornar o momento mais natural e humano, por que não o considerar um parto humanizado?
Alguns exemplos de quebra de protocolo em uma cesariana e que podem tornar o momento mais natural e especial é permitir que o parceiro fique com a gestante até o momento da anestesia, não atar seus braços na cama e retirar a cortina que impede a visão da cirurgia pela gestante minutos antes do nascimento, para que esta possa ver a criança ser retirada de seu ventre.
Portanto, não importa se o parto ocorre na cama, na água, em casa ou no hospital. O importante é que a mulher seja a protagonista do parto e que suas vontades sejam respeitadas, fazendo do médico um expectador da ação e que só deve interferir se houver algum problema.
Vantagens do parto humanizado
Não há dúvidas de que o parto humanizado traz diversos benefícios para a mãe e para o bebê.
Como não há uso de anestesia ou medicamentos, há a tendência de que a mulher se recupere com mais rapidez. Além disso, como existe maior conforto emocional, é natural que haja uma percepção mais positiva da experiência do parto.
Para o bebê, a redução do estresse e a ausência do uso de drogas e medicamentos durante o processo tende a diminuir o risco de complicações no nascimento.
Além disso, o bebê nasce de uma forma mais tranquila e a primeira amamentação acontece ainda no local do parto, o que, teoricamente, reforça o vínculo entre a mãe e o filho, tão importante neste início de vida.
Desejo realizar um parto humanizado. O que fazer?
Caso a gestante queira ter um parto humanizado, o primeiro passo é fazer um bom pré-natal, a fim de avaliar a sua saúde e a do bebê, afinal, só assim é possível realizar um parto sem intervenções médicas.
O segundo passo é encontrar um obstetra que se identifique com o conceito de parto humanizado e saiba conduzir todo o processo de forma natural.
O ideal é que a gestante converse com o seu médico e observe se há afinidade entre as suas escolhas e o profissional. Caso seja necessário, mude de obstetra.
Uma dica para encontrar o médico ideal para conduzir seu parto é participar de grupos de apoio ao parto humanizado. Assim, é possível aumentar as chances de encontrar um profissional com o perfil que você deseja e ainda conhecer outras pessoas envolvidas com o assunto.
Vale salientar, que no Brasil, o parto domiciliar não é recomendado pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Frebasgo) e pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) em função do risco desnecessário que a mãe e o filho podem correr.
A maioria dos profissionais da área argumenta que os hospitais possuem todo o equipamento necessário para socorrer a mãe e o bebê em caso de alguma complicação imediata, e por isso, recomenda que o parto não seja realizado em ambiente domiciliar. Mas lembre-se, mesmo no hospital, é possível ter um parto humanizado.
Por fim, é importante lembrar que a gestante que optar por um parto humanizado deve estar ciente de todas as suas emoções e desconfortos e nunca escolher essa opção porque “está na moda”. Além disso, é preciso contar com o suporte de um bom obstetra, equipe treinada e estrutura para este tipo de parto.
Você pensa em ter um parto humanizado? Ou é adepta do parto convencional? Compartilhe!
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