Maternidade

Selinho de pai e mãe nos filhos é errado? Saiba aqui!

O hábito de dar um selinho de pai e mãe nos filhos é comum em muitas famílias, como forma de demonstrar amor e carinho com os pequenos.

Alguns famosos, como o casal Tom Brady e Gisele Bünchen, já apareceram em fotos do Instagram e em outras redes sociais dando um selinho nos filhos como demonstração de afeto. A prática foi criticada por muitas pessoas e incentivada por outras.

Atriz global Deborah Secco também postou uma foto em seu Instagram dando um selinho triplo, com o marido e a filha do casal, Maria Flor.

Os seguidores do Instagram da atriz que se dividiram entre opiniões: alguns elogiaram o gesto de amor, outros torceram o nariz e não acharam uma atitude correta e tampouco higiênica.


Gesto de carinho inapropriado? Opiniões se dividem

A opinião se divide quando o assunto é selinho de pai e mãe os nos filhos. Apesar de parecer um gesto inofensivo e carinhoso, o beijinho nos filhos tem sido visto pelos especialistas como um gesto que possui importância no desenvolvimento cognitivo e comportamental da criança, além de acarretar alguns riscos para a saúde.

A seguir, iremos falar mais aprofundadamente sobre isso: seria o selinho de pai e mãe nos filhos errado? Continue com a gente nos próximos parágrafos.

Selinho de pai e mãe nos filhos do ponto de vista psicológico

Mother and daughter embracing in kitchen

A psicóloga em membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Estado do Rio de Janeiro, Renata Bento, diz que o beijo na boca, apesar de ser um gesto de afeto com as crianças, também é uma forma de relação erótica entre duas pessoas, no caso dos casais.


Segundo a psicóloga Renata, precisamos entender que a sexualidade existe em todas as fases de nossas vidas, e que essa diferença entre o afeto de casal e o afeto com os filhos deve ser bem distinta e diferenciada na cabeça das crianças, para que não haja confusões.

Portanto, do ponto de vista comportamental, o selinho de pai e mãe os filhos é errado, e não deve ser uma prática comum nas famílias.

Selinho de pai e mãe nos filhos: possíveis riscos no comportamento

Outro problema possível que está sendo apontado pelos profissionais da saúde mental é o fato da criança começar a reproduzir os gestos em outras pessoas. Entre as idades de um a cinco anos, é comum que os baixinhos repitam gestos e atitudes de seus pais em ambientes fora de casa, como na escola.

Quando selinho de pai e mãe nos filhos sendo tratado como confirmação de carinho, a criança pode passar a dar beijinhos nos colegas ou não estranhar quando desconhecidos solicitam o gesto, o que é ainda mais preocupante…

A psicanalista Renata ainda alerta: “Os cuidadores devem explicar que papai e mamãe beijam na boca e que isso não é coisa de criança, mas sim que só os adultos fazem. O pequeno irá entender. É preciso esclarecer na cabeça das crianças que só casais possuem esse hábito e que crianças não namoram. O risco de adultizar de forma precoce os pequenos com o simples gesto do selinho entre familiares existe”, ressalta a profissional.

A psicóloga especializada em infância Carol Braga também não recomenda o costume por parte dos cuidadores, já que acredita que o selinho de pai e mãe os filhos é errado, pois pode trazer consequências comportamentais aos pequenos.

Para defender seu argumento, a psicóloga diz: “Muitas famílias me questionam afirmando que o selinho não passa de uma forma de demonstrar carinho e que não há segundas intenções. O que eu acredito é que os pais são responsáveis por passar a criança os papéis existentes na sociedade: filho, amigo, namorado. Existem outras formas mais saudáveis de manifestar o afeto que não seja pelo beijo na boca”, afirma a profissional.

Cíumes por parte da criança: como lidar?

Jacaré Papa, psicóloga clínica e psicoterapeuta de crianças e adultos da Unifesp, esclarece a questão de forma um pouco diferente: “Quando a criança é mais nova, é possível que ela mesma, espontaneamente, dê um selinho nos pais. Nessa fase da infância, esse gesto é uma expressão de afeto comum.

O mais aconselhado é que o gesto do selinho de pai e mãe só aconteça quando a iniciativa partir da criança. À medida que o pequeno cresce e vai percebendo os códigos sociais e as diferenças entre as relações, é comum que a própria criança não queira mais dar selinho nos pais. Neste momento, cabe aos cuidadores respeitar a atitude do filho”.

Existem alguns casos em que a criança pode manifestar ciúmes, após ver os pais se beijando e perceber que não faz parte disso. O pequeno pode reagir chorando ou até mesmo verbalizando o problema.

A alternativa neste caso é o diálogo. A criança pode sentir ciúmes do gesto, não por um desejo inapropriado, mas sim por falta de maturidade para avaliar tal questão. Concluindo, o conselho é que o selinho nos filhos não seja uma prática em nenhuma idade”, aconselha a psicóloga Carol Braga.

Selinho de pai e mãe nos filhos: riscos para a saúde

Muitas vezes, o hábito de dar selinho de pai e mãe dos filhos surge por conta dos cuidadores não resistirem à fofura do pequeno. É comum que este hábito se inicie enquanto a criança ainda é recém-nascida.

A pediatra e coordenadora de Pronto Atendimento Infantil do Sírio-Libanês, na cidade de São Paulo, explica o porquê desta demonstração de carinho não ser indicada. “Nos primeiros trinta dias de vida do recém-nascido, o cuidado com o sistema imunológico do bebê deve ser redobrado, já que é muito frágil.

Depois deste período, a criança vai aos poucos desenvolvendo suas defesas imunológicas. O risco de adquirir infecções e doenças derivadas da boca, como a herpes labial, existe”.

Por via das dúvidas e do ponto de vista psicológico e comportamental, o selinho de pai e mãe nos filhos não é uma prática que deve ser adotada, a não ser que o gesto parta de iniciativa da criança.

Mesmo neste caso, é fundamental conversar com o pequeno, independente da idade, e reforçar que o selinho não deve ser repetido com outros adultos.

Já quando falamos de saúde o bom é evitar, mesmo se tratando da própria família, doenças podem ser transmitidas em um gesto tão próximo quanto o selinho.

Existem muitas outras formas de afeto e carinho. Como um abraço, um cafuné, um beijo na bochecha ou um “eu te amo” que, com certeza, irão reafirmar o amor que você sente pelos seus filhos de forma muito real.

Até a próxima!

Sobre o autor

Raiane